No caos do mau-tempo
O trovão ecoou
Em soberbo sorriso
Com sabor de acalento.
Traição dos sentidos
Seleto visor
Um rosto ao vento
Com gestos precisos.
Se tão pervertivo
Também ri do riso
Que o vento guiou.
O mau-tempo levou
Consigo o semblante
Tão paliativo.
Assis Costa
Cheiro & Sabor das Palavras
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
12 - Num Pé Só
01 - Eu vi um pé.
Não sei o dono.
Se comprido, se delgado
Se tão curto ou se tão chato.
02 - Eu vi um pé.
Não sei se direito ou esquerdo, mas um pé.
Era um pé sem rastro
E não andava por faltar outro pé.
03 - Eu vi um pé.
Talvez de coelho,
Se quiser de conversa
Mas, do tamanho de um pé.
04 - Eu vi um pé.
Era um pé descalço,
Ou era calçado?
De qualquer jeito era apenas um pé.
05 - Já sei. Eu vi um pé.
E era um pé silenciosos mas afinado
Era um pé-de-ouvido
Vizinho do outro pé, o do cabelo.
06 - Eu vi um pé
Já disse, sem rastro, também sem cheiro
Era quem sabe, um pé em falso
Ou um pé imóvel: o da montanha.
07 - Eu já disse: eu vi um pé.
Em todo lugar ele estava: no quarto, na sala, na cozinha
Em muitos objetos: na cadeira, na mesa, na cama...
Era doce e irrequieto: era-de-moleque.
08 - Eu vi um pé.
Além de muito entrelaçado continha rugas
- De galinha!
Quem dera eu tivesse mão pra pegar no seu pé.
09 - Eu vi um pé encostado na casa:
- O pé-da-porta!
E olhe, se tinha lá um pé
Outro pé existiu cá.
10 - Eu vi sim. Era um pé.
Não cheguei a tocá-lo, mas era um pé-quente.
Quando falei pra uma criança, ela disse:
-Era um Pé-grande!
11 - Eu vi um pé.
Desengonçado. - Era de-cabra?
Ou poderia ser do dono?
Era apenas mais um pé, quem sabe um pé-de-grilo?
12 - Eu vi um pé.
E o outro pé onde estava?
- Já sei. - O outro pé
Era o pé-da-cova.
13 - Juro que eu vi um pé.
Mas onde estava o outro pé?
- Fosse de quem fosse tinha o pé no chão.
-E no outro lado da rua?
14 - Eu juro que vi um pé.
Do outro lado da rua?
Devido a um pé-de-cana
Parece ter pé-de-briga.
15 - Não nego que vi um pé.
Eu estava tão sozinho...
Eu estava ali sentado...
Mas o pé estava de pé.
16 - Eu disse que vi um pé.
Numa noite tão chuvosa!
Se ela só tinha um pé
Certamente era um pé-d'água.
17 - Eu vi um pé.
Mas no dia anterior
Num tal show de Rock and Roll
Encontrei um pé-de-valsa.
18 - E eu que só vi um pé,
No entanto, disse-me um homem
Que ao Banco foi rever
Seu singelo pé-de-meia.
19 - Mas eu só vi mesmo um pé.
Muitos sentem tantas dores:
Pé-do-dente e na barriga
Se tem pé tem confusão.
20 - Eu vi um pé.
Mas com certeza tinha mais
Pois do contrário
Ficaria sem-pé e sem-cabeça.
21 - Com o recurso do humano responda:
Com a pressa do pensamento,
Que pé é capaz de chegar de uma forma mais ligeira?
- Muito bem, respondeu certo, se tão rápido é pé-de-vento.
22 - Eu vi um pé.
Mas se não há condição
Só diga que náo dá pé
Se contudo não quiser aplique-lhe um pontapé.
23 - No contexto eu vi um pé
Era um sutil pé-de-gato
O pior que aconteceu
Foi o tal de pé no saco.
24 - Eu vi um pé,
Caminhava tão sozinho,
Da distância foi medida,
Se na água é pé-de-pato.
25 - Eu vi um pé.
Mas quando raiou o sol
Já mudei a tradição
Troquei o pé pela mão.
26 - Eu vi um pé que mancava
Reclamava de uma dor
Era um tal pé-de-atleta
Protestando do calor.
27 - Eu vi, era mesmo um pé
Não mudei os denotados
Respeitei ao pé da letra
Os dizeres procriados.
28 - Repito, só vi um pé.
Neste mundo de hipocritas
Vale a pena dar no pé
Pois se você bobear te pegam no contra-pé.
29 - É claro que eu vi um pé.
Comunguei na sacristia já fugindo do pecado
Pois se encontro outro pé frio
Ai meu Deus, estou ferrado!
30 - Sei tudo que eu vi no pé:
Tinha dedos, tinha calor,
Mas o gol tão desejado
O pé-mucho tem falhado.
31 - Eu vi um pé
Sem engano bem sambado,
Quem é sábio põe na forma
Conhecido peé quadrado.
32 - Eu só encontrei um pé.
Se você encontrar outro,
Rotule-o.
Dê um nome pro seu pé.
Assis Costa
Não sei o dono.
Se comprido, se delgado
Se tão curto ou se tão chato.
02 - Eu vi um pé.
Não sei se direito ou esquerdo, mas um pé.
Era um pé sem rastro
E não andava por faltar outro pé.
03 - Eu vi um pé.
Talvez de coelho,
Se quiser de conversa
Mas, do tamanho de um pé.
04 - Eu vi um pé.
Era um pé descalço,
Ou era calçado?
De qualquer jeito era apenas um pé.
05 - Já sei. Eu vi um pé.
E era um pé silenciosos mas afinado
Era um pé-de-ouvido
Vizinho do outro pé, o do cabelo.
06 - Eu vi um pé
Já disse, sem rastro, também sem cheiro
Era quem sabe, um pé em falso
Ou um pé imóvel: o da montanha.
07 - Eu já disse: eu vi um pé.
Em todo lugar ele estava: no quarto, na sala, na cozinha
Em muitos objetos: na cadeira, na mesa, na cama...
Era doce e irrequieto: era-de-moleque.
08 - Eu vi um pé.
Além de muito entrelaçado continha rugas
- De galinha!
Quem dera eu tivesse mão pra pegar no seu pé.
09 - Eu vi um pé encostado na casa:
- O pé-da-porta!
E olhe, se tinha lá um pé
Outro pé existiu cá.
10 - Eu vi sim. Era um pé.
Não cheguei a tocá-lo, mas era um pé-quente.
Quando falei pra uma criança, ela disse:
-Era um Pé-grande!
11 - Eu vi um pé.
Desengonçado. - Era de-cabra?
Ou poderia ser do dono?
Era apenas mais um pé, quem sabe um pé-de-grilo?
12 - Eu vi um pé.
E o outro pé onde estava?
- Já sei. - O outro pé
Era o pé-da-cova.
13 - Juro que eu vi um pé.
Mas onde estava o outro pé?
- Fosse de quem fosse tinha o pé no chão.
-E no outro lado da rua?
14 - Eu juro que vi um pé.
Do outro lado da rua?
Devido a um pé-de-cana
Parece ter pé-de-briga.
15 - Não nego que vi um pé.
Eu estava tão sozinho...
Eu estava ali sentado...
Mas o pé estava de pé.
16 - Eu disse que vi um pé.
Numa noite tão chuvosa!
Se ela só tinha um pé
Certamente era um pé-d'água.
17 - Eu vi um pé.
Mas no dia anterior
Num tal show de Rock and Roll
Encontrei um pé-de-valsa.
18 - E eu que só vi um pé,
No entanto, disse-me um homem
Que ao Banco foi rever
Seu singelo pé-de-meia.
19 - Mas eu só vi mesmo um pé.
Muitos sentem tantas dores:
Pé-do-dente e na barriga
Se tem pé tem confusão.
20 - Eu vi um pé.
Mas com certeza tinha mais
Pois do contrário
Ficaria sem-pé e sem-cabeça.
21 - Com o recurso do humano responda:
Com a pressa do pensamento,
Que pé é capaz de chegar de uma forma mais ligeira?
- Muito bem, respondeu certo, se tão rápido é pé-de-vento.
22 - Eu vi um pé.
Mas se não há condição
Só diga que náo dá pé
Se contudo não quiser aplique-lhe um pontapé.
23 - No contexto eu vi um pé
Era um sutil pé-de-gato
O pior que aconteceu
Foi o tal de pé no saco.
24 - Eu vi um pé,
Caminhava tão sozinho,
Da distância foi medida,
Se na água é pé-de-pato.
25 - Eu vi um pé.
Mas quando raiou o sol
Já mudei a tradição
Troquei o pé pela mão.
26 - Eu vi um pé que mancava
Reclamava de uma dor
Era um tal pé-de-atleta
Protestando do calor.
27 - Eu vi, era mesmo um pé
Não mudei os denotados
Respeitei ao pé da letra
Os dizeres procriados.
28 - Repito, só vi um pé.
Neste mundo de hipocritas
Vale a pena dar no pé
Pois se você bobear te pegam no contra-pé.
29 - É claro que eu vi um pé.
Comunguei na sacristia já fugindo do pecado
Pois se encontro outro pé frio
Ai meu Deus, estou ferrado!
30 - Sei tudo que eu vi no pé:
Tinha dedos, tinha calor,
Mas o gol tão desejado
O pé-mucho tem falhado.
31 - Eu vi um pé
Sem engano bem sambado,
Quem é sábio põe na forma
Conhecido peé quadrado.
32 - Eu só encontrei um pé.
Se você encontrar outro,
Rotule-o.
Dê um nome pro seu pé.
Assis Costa
domingo, 15 de janeiro de 2012
11 - Síncope Brasileira
Ói o aio!
De pedinte santuário...
Rua nova!
Cada beco - nova cova!
Semanário? - Qual, diário!
Todo ano...
Ói o aio!
Tom mundano...
Passaporte secundário...
Ói o aio!
Cada letra um som profano.
O Brasil do desengano...
Campanário...
Síncope da fome e do sem salário.
Assis Costa
De pedinte santuário...
Rua nova!
Cada beco - nova cova!
Semanário? - Qual, diário!
Todo ano...
Ói o aio!
Tom mundano...
Passaporte secundário...
Ói o aio!
Cada letra um som profano.
O Brasil do desengano...
Campanário...
Síncope da fome e do sem salário.
Assis Costa
10 - És Mentiroso?
Adora problemas,
Atrai o mal,
Infernal,
Seus dilemas?
Amizade teatral
Não sem temas,
Só malenas!...
Novidade em sucursal.
Nos seus lábios... no jornal...
Madalenas!
Ô... Ô... Ô... Sensacional!
Cores mil... Mil Ipanemas...
Bacanal!
Multicores!... Multicenas!...
Assis Costa
domingo, 8 de janeiro de 2012
09 - Aurora sem Hora
A várzea envolta em seus lençóis de prata,
Num tempo atento mas sempre um outono,
Teus sinos que dobram já sem hora exata,
Regras sem regras em tempos de Rei Momo.
Cruzeiros cambalidos sem lugares magistrais,
Delegam sensações seus ares de jasmim,
A serra cor da terra com brilho de cristais
Deslumbram visitantes seus mantos de cetim.
Cativo do teu flerte nos seus olhos vertentes
O lado vivo ao fundo, o cheiro à vista,
A calmaria ao meio-dia, seus sons cadentes,
Tesão dos mil sentidos, divã de analista,
Antologica nos teus causos, pivôs tão salientes,
O berço dos amantes, dos poetas, do ideal vanguardista.
Assis Costa (lembranças do meu berço, Várzea-Alegre)
Num tempo atento mas sempre um outono,
Teus sinos que dobram já sem hora exata,
Regras sem regras em tempos de Rei Momo.
Cruzeiros cambalidos sem lugares magistrais,
Delegam sensações seus ares de jasmim,
A serra cor da terra com brilho de cristais
Deslumbram visitantes seus mantos de cetim.
Cativo do teu flerte nos seus olhos vertentes
O lado vivo ao fundo, o cheiro à vista,
A calmaria ao meio-dia, seus sons cadentes,
Tesão dos mil sentidos, divã de analista,
Antologica nos teus causos, pivôs tão salientes,
O berço dos amantes, dos poetas, do ideal vanguardista.
Assis Costa (lembranças do meu berço, Várzea-Alegre)
sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
08 - Notícias para um Menino Matemático "em raios fúlgidos..."
Trocamos conhecimentos por necessidade
De aprovação - esquecemos o passado malfadado.
Eu, que tentei das letras, você que tentou dos números.
Salvamo-nos da situação. O pior veio depois
Com flêmures, cúbitos e úmeros,
Descobrimos então duas memórias de raridade.
O menino esqueceu a bissetriz, a geratriz,
Vestindo farda e fazendo da pátria insinuante amante-amada.
Contestastes pela forma os Bandeirantes e no teor os bravios do SãoFrancisco,
Em Caxias um asterisco
Campeão menino, campeão senhor, mor-expoente do ser feliz.
Assis Costa
De aprovação - esquecemos o passado malfadado.
Eu, que tentei das letras, você que tentou dos números.
Salvamo-nos da situação. O pior veio depois
Com flêmures, cúbitos e úmeros,
Descobrimos então duas memórias de raridade.
O menino esqueceu a bissetriz, a geratriz,
Vestindo farda e fazendo da pátria insinuante amante-amada.
Contestastes pela forma os Bandeirantes e no teor os bravios do SãoFrancisco,
Em Caxias um asterisco
Campeão menino, campeão senhor, mor-expoente do ser feliz.
Assis Costa
07 - Homilia Satânica
Esse texto não será aceito, portanto, aguarde sua publicação somente em último número
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