Quem sou eu?
Eu sou uma edição precoce e indesejada.
Que caminhos segui? Buscando o nada?
E aportei num chão que nimguém queria,
Consumi um beijo que roubado, um dia
Caí num trovão voraz de intensa rouquidão.
Servi às três Marias em contundente ostentação.
Saí sem dar sinal, gemeu a terra em febre,
Soberba agonia, calor que não se mede,
Clamor, amor, rancor, silêncio de ironia,
Furor do teu silêncio - silêncio em covardia.
O raio que antes luz sumiu, brotando sem água o lodo
Perfume que infesta a ter-me em desacordo.
Nada sobrou, porque nada tive.
Meu pai, soltou-me em brasas num vôo de marquise,
Mamãe esteve em mim quando areias movediças cobriram o céu,
Meu sangue, meus irmãos, produtos de cartel;
Enfim, consumo instável,
Eu, o poema impublicável.
Assis Costa
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